"Se puderes olhar, vê. Se puderes ver, repara"

Curiosidade é a vontade de saber mais, ampliar a mente, de saciar a fome humana por percepções, estímulos, aprendizagens; o prazer de inundar os sentidos com matéria para a mente processar e transformar em experiência e palavra, preencher os espaços vazios e ainda assim ganhar cada vez mais espaço com essa prática.

 Curiosidade significa também o prazer, o alívio e a sabedoria de não precisar de saber. De simplesmente não precisar de saber. E por isso estar aberto a descobrir, a aprender. Desenvolver o conhecimento e a capacidade de estabelecer relações entre diferentes ideias, palavras, pensamentos, pessoas. Cavalgar a plasticidade, a habilidade, a maleabilidade da mente.

Na sua origem, curiositas provém da raiz latina “cur” que significa por quê. É também a origem da palavra “cura” que quer dizer cuidado, e da palavra curioso, que seria aquele que teria sempre o cuidado de saber o por quê, de descobrir mais, de saber mais. Curiositas era uma virtude, associada ao desejo da mente pelo conhecimento, e uma motivação nobre e louvável.
 
Mas curiosidade também é usada, hoje em dia, para designar a sua expressão negativa: a necessidade de saber o que não lhe diz respeito. Não é dessa curiosidade, dessa que tem efeitos opostos sobre a própria mente – e a que os antigos chamavam cupiditas – que estamos a falar.

O ignorante sofre inevitavelmente de todos os outros males. Se a mente não é de principiante não aprendemos, não mudamos de ideias, não crescemos, não nos ampliamos, não conhecemos, não fluímos, não deslizamos, não nos desdobramos, não nos entrosamos, nem podemos.

“Se puderes olhar, vê. Se puderes ver, repara.”José Saramago

By: Nuno Michaels - o dom de Gémeos

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