Sabes-me, sem poder saber.
Sabes-me, sabias?
Sabes-me a um abraço.
Enrolada como um embrulho quente, feito de conforto e amor.
És o casulo onde as minhas inquietações adormecem, o porto onde o frio da vida não alcança.
No teu calor, reencontro a memória daquilo que talvez sempre procurei: um espaço onde existir seja simples.
Sabes-me a paz.
A tua presença abranda a tempestade dos meus pensamentos, alinha a minha respiração com o compasso do mundo.
O coração, antes disperso, apanha-se nas tuas mãos, como quem encontra de novo o seu caminho.
E eu, levito — sou menos peso, mais essência, mais sonho.
Sabes-me a sorriso.
Àquele sorriso que nasce não da boca, mas do canto do olhar.
Meus olhos brilham, cerram-se, alongam-se nas suas margens, desenhando em rugas suaves a história do que é sentir.
Sorrisos que não escondem a vida, mas a revelam — cada linha, cada curva, cada instante onde fui feliz sem perceber.
Sabes-me a tudo o que é leve, e ao mesmo tempo essencial, bruto, cru, nu.
Como o ar entre as folhas, como o sol nas manhãs de inverno, como o toque silencioso de quem entende sem precisar traduzir.
Sabes-me a casa. A pipocas doces ou café acabadinho de fazer.
E é em ti que me encontro, mesmo que ausente, perdida, desde quando o mundo lá fora já não me sabe.
Sabes-me, sem poder saber.
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